Jesus Teve Mais que 12 Apóstolos?

 


A crença profundamente enraizada na tradição cristã católica nos conta sobre os doze apóstolos de Jesus Cristo, aqueles escolhidos diretamente por Ele para seguir seus ensinamentos e espalhar a palavra de Deus. Pedro, Tiago, João, André, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Simão, o Zelote, Judas filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi substituído por Matias após sua traição, formam o grupo mais intimamente associado a Jesus durante seu ministério terreno. 

Mas, ao mergulharmos nas Escrituras e explorarmos o contexto histórico e teológico do Novo Testamento, surge uma pergunta intrigante: Jesus teve mais que 12 apóstolos?

Para entender essa questão, é crucial reconhecer a importância simbólica do número doze para o povo judeu, representando as doze tribos de Israel. Jesus escolheu doze homens para simbolizar a nova aliança, a reconstrução espiritual de Israel. No entanto, as Escrituras nos dão pistas de que, além desses doze, havia outros que também foram considerados apóstolos, embora de uma forma diferente.

A Base Bíblica para Mais Apóstolos

Em várias passagens do Novo Testamento, encontramos referências a indivíduos além dos doze que desempenharam papéis apostólicos. Por exemplo, em Atos dos Apóstolos, Paulo, anteriormente conhecido como Saulo de Tarso, é descrito como um apóstolo não por escolha humana, mas por chamado divino após sua dramática conversão no caminho para Damasco. Paulo, em suas epístolas, frequentemente se refere a si mesmo como apóstolo, destacando sua missão especial para pregar o evangelho aos gentios.

Além disso, em Romanos 16:7, Paulo saúda Andrônico e Júnias, mencionando-os como "destacados entre os apóstolos", o que sugere que o círculo apostólico pode ter sido mais amplo do que tradicionalmente se pensa. Barnabé também é chamado de apóstolo em Atos 14:14, reconhecendo seu trabalho missionário junto com Paulo.

O Significado de "Apóstolo"

A palavra "apóstolo" deriva do grego "apóstolos", que significa "um que é enviado". Nesse sentido, o termo pode se aplicar a qualquer um que tenha sido enviado em missão com uma autoridade específica. Os doze apóstolos foram enviados diretamente por Jesus, com uma missão particular de liderar a fundação da Igreja. No entanto, o uso mais amplo do termo nas Escrituras sugere que outros, que também receberam missões diretas do Espírito Santo ou do Ressuscitado, podem ser considerados apóstolos dentro de um contexto mais amplo.

A Importância Dessa Ampliação

Entender que Jesus pode ter tido mais apóstolos do que os doze tradicionais é importante por várias razões. Primeiro, destaca a universalidade da missão cristã. Enquanto os doze eram enviados principalmente para "as ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10:6), figuras como Paulo expandiram essa missão para incluir gentios, mostrando que a mensagem do Evangelho é para todas as pessoas, em todos os lugares.

Além disso, reconhecer outros apóstolos ajuda a apreciar a diversidade de dons e chamados dentro da Igreja. Cada apóstolo teve um papel único, contribuindo de maneira especial para a disseminação do cristianismo e o estabelecimento da Igreja primitiva.

O Impacto na Fé Católica

Para os católicos, a compreensão de que pode haver mais apóstolos além dos doze não diminui a importância desses pilares fundamentais da Igreja. 

Ao contrário, ela enriquece nossa percepção da Igreja como um corpo vivo, guiado pelo Espírito Santo, e capaz de crescer e adaptar-se ao longo dos séculos. A tradição católica sempre valorizou a diversidade dos santos e seus variados caminhos de seguir a Cristo, refletindo a multifacetada missão da Igreja no mundo.

Além disso, essa compreensão ampliada reforça a crença católica na comunhão dos santos, a rede de apoio espiritual que transcende o tempo e o espaço, unindo todos os fiéis em uma missão comum. Os apóstolos, sejam os doze originais ou aqueles que também receberam o chamado apostólico, são modelos de fé, coragem e compromisso inabalável com o Evangelho.

Em última análise, a pergunta "Jesus teve mais que 12 apóstolos?" nos convida a explorar as riquezas da tradição bíblica e a reconhecer a amplitude da missão que Jesus confiou à sua Igreja. A presença de mais apóstolos além dos doze ressalta a universalidade da chamada de Cristo e a diversidade de dons necessários para a edificação da Igreja através dos séculos. 

Para nós, católicos, isso é um lembrete de que cada um de nós é chamado a ser um "apóstolo" no sentido mais amplo, vivendo e compartilhando o amor de Cristo em nosso mundo. Ao fazer isso, seguimos os passos não apenas dos doze, mas de todos aqueles que foram enviados em nome de Cristo, fortalecidos pela graça do Espírito Santo e unidos na grande missão de espalhar a boa nova do amor de Deus por toda a humanidade. 

 

Ao refletirmos sobre a natureza expansiva do apostolado, somos levados a uma compreensão mais profunda do chamado que Jesus faz a cada um de nós. A ideia de que outros, além dos doze, foram considerados apóstolos desafia-nos a reconhecer o dinamismo com que o Espírito Santo opera na Igreja. A missão apostólica, portanto, não se limita a um grupo seleto de indivíduos, mas é uma vocação compartilhada por todos os batizados, chamados a serem testemunhas de Cristo no mundo.

A Missão Continuada

A Igreja, guiada pelo Espírito Santo, continua a missão iniciada por Jesus e seus apóstolos. Esta missão é vivificada pela presença contínua de Cristo, que prometeu estar com sua Igreja "todos os dias, até o fim dos tempos" (Mateus 28:20). A noção de que houve mais apóstolos do que os tradicionalmente reconhecidos nos lembra de que a obra de evangelização é um processo contínuo, que requer a colaboração de todos os fiéis.

A Diversidade dos Dons

São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, fala sobre a diversidade dos dons espirituais (1 Coríntios 12:4-11), ressaltando que, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo. Essa diversidade de dons e serviços é fundamental para a vida e missão da Igreja. Assim como os apóstolos tinham diferentes backgrounds, talentos e chamados, a Igreja hoje é composta por membros com variadas vocações e ministérios, cada um contribuindo para a edificação do Corpo de Cristo.

O Papel dos Leigos

O Concílio Vaticano II, em documentos como "Lumen Gentium" e "Apostolicam Actuositatem", reafirmou o papel vital dos leigos na Igreja e no mundo. Todos os fiéis são chamados à santidade e à participação ativa na missão apostólica da Igreja. Isso significa que, à maneira de apóstolos, os leigos são enviados para serem sal e luz em suas famílias, locais de trabalho, comunidades e além. Este envio não é reservado a um grupo seleto, mas é um chamado universal para testemunhar o amor e a verdade de Cristo em todas as circunstâncias da vida.

A Unidade na Diversidade

Celebrar a presença de mais apóstolos além dos doze é também celebrar a unidade na diversidade que caracteriza a Igreja Católica. Essa unidade não significa uniformidade, mas sim uma harmonia de diferentes dons e vocações, todas orientadas para o mesmo objetivo: a glorificação de Deus e a salvação das almas. A exemplo dos apóstolos, somos chamados a trabalhar juntos, respeitando e valorizando os dons únicos que cada um traz para a missão comum.

Em Conclusão

A pergunta sobre se Jesus teve mais do que doze apóstolos nos abre para uma reflexão mais ampla sobre o que significa ser enviado por Cristo. Revela a generosidade do chamado divino, que se estende a todos nós, convidando-nos a participar na contínua missão de evangelização. Como católicos, somos chamados a abraçar nosso papel como "apóstolos modernos", vivendo nossa fé de forma autêntica e compartilhando a boa nova do Evangelho com coragem e amor. Ao fazer isso, não apenas seguimos os passos daqueles primeiros enviados, mas também contribuímos para a edificação da Igreja e para a transformação do mundo, iluminados pelo mesmo Espírito que guiou os apóstolos de todas as épocas.

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